sábado, 17 de julho de 2010

Como é que pode?

Eu considero Carlos Drumond de Andrade, um dos maiores poetas brasileiros do século XX, viveu sua vida e  construiu sua obra preocupado em ver o mundo em seu redor - porque, para ele, essa era a função do poeta.

Nascido em Itabira do Mato Dentro, Minas Gerais,  Em 1916, interno em um colégio de Belo Horizonte, lembrava-se de Itabira, " de suas noites brancas, sem mulheres e sem horizontes", a cidade mineira famosa por suas reservas naturais de ferro. Doente, no colégio, foi obrigado a retornar a Itabira, onde teve aulas particulares. Em 1918, foi novamente para o internato - dessa vez em Nova Friburgo, estado do Rio de Janeiro.


Aluno destacado, foi, no entanto, expulso do colégio, por uma razão estranhissima alegada pelo professor de português: Drummond era um insubordinado mental. O motivo alegado prendia-se ao fato de que o indisciplinado aluno era, entretanto,um anarquista mental e não poderia conviver normalmente com os colegas.
É inacreditável esta história! como é  dificil ser difrente, pensar diferente, ver um mundo de maneira diferente!

Pobre professor! Mas tenho certeza que não foi em sua homenagem que Drummond escreveu:

No Meio do Caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio  do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento na vida de minhas retinas  tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra

terça-feira, 13 de julho de 2010

Encenação do espetáculo!

Pensando bem, a palavra espetáculo lembra esta chula de palhaço que faz parte das cantigas populares deste nosso " Brasilzão". Hoje tem espetáculo.

Hoje tem espetáculo?
Tem, sim sinhô
É as oito da noite?
É,sim sinhô
Hoje tem marmelada?
Tem, sim sinhô
Hoje tem goiabada?
Tem,. sim sinhô
É de noite? É de dia?
É, sim sinhô
(...)
E o palhaço, o que é?
É ladrão de mulher
E o palhaço o que é?


Eu andei  relendo, recentemente, de Guy Debord ,  Sociedade do Espetáculo (Comentários sobre a sociedade do espetáculo) ed.Contraponto.Rio de Janeiro 2000, e recomendo, principalmente, aos queridos alunos que gostam de fazer bonito na sala de aula durante os seminários.
Guy  Debord  faz ai uma critica ferrenha a sociedade, moderna, tecnológica, neste contexto, de espetacularização da vida humana , em que os veículos de comunicação , em particular a tv, são os maiores instrumentos de encenação de espetáculo.

O espetáculo, diz Guy - "consiste na multiplicação de icones e imagens, principalmente através dos meios de comunicação de massa  (rádio, cinema, jornais e tv) mas também dos rituais politicos, personalidades, gurus, mensagens publicitárias - tudo transmite uma sensação de permanente aventura, felicidade, grandiosidade e ousadia".Os meios de comunicação de massa diz Debord - são apenas a manifestção superficial mais esmagadora da sociedade espetáculo, que faz do individuo um ser infeliz, anônimo e solitário em meio a massa de consumidores"

Para mim, a " sociedade do espetáculo " é uma sofisticadissima  chula de palhaço! Concordam ou não?

Hoje tem espetáculo?
Tem, sim sinhô
É de noite? É de dia?
É, sim sinhô
E o palhaço, o que é?
É ladrão de mulher.

domingo, 11 de julho de 2010

Andar com fé eu vou, nós vamos.

"Andar com fé eu vou. A fé não costuma faiá! Eu gosto muito desta  maneira de Gilberto Gil falar de fé e eu creio piamente que é preciso andar pela vida com fé.
Hoje,  recebi por e-mail,de uma  boa amiga, a seguinte mensagem de Emmanuel (Chico Xavier) Vejam :

"Quando estiveres sob  o eclipse total da esperança, não te deixes vencer pela sombra. Segue adiante, fazendo o bem que possas. É possivel que pedras e espinhos te firam na estrada, quando estejas tateando na escuridão. Conserva, porém, a serenidade e a coragem, porque os agentes contrários a tua marcha são elementos que analisam as conquistas de humildade e paciência.
Sofre, mas serve e segue. Se te falharam todos os recursos de proteção do mundo, não te esqueças de que tens contigo a escora infalivel de  Deus."(Emmanuel)

Conservar a serenidade e a coragem diante dos momentos dificieis da vida  não é fácil, mas é  a única saida para ultrapassar  as pedras do  caminho. Resolvi compartilhar com vocês a mensagem de Emmanuel por entender que ela é um alento para  mim, para você, para todo mundo não é?
Abraços e até outra vez...

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Bahia de Todos os Santos e o 2 de Julho

Jorge Amado, nosso amado Jorge descreve assim , em  Bahia de Todos os Santos a festança do 2 de julho. 

"Foi um Dois de Julho", se diz na Bahia quando se faz referência a uma coisa notável ou grande ou barulhenta ou grandiosa .As festas do Dois de Julho tem um caráter civico e patriótico que não lhes tolda a graça popular. Comemora-se a data da entrada triunfante dos exércitos libertadores na  capital em 1823.

A Cabocla

Da Lapinha  parte o préstito conduzindo as carretas com o Caboclo e a Cabocla, puxados pelo povo. Bandos representando  os batalhões patrióticos que lutaram pela independência acompanham o  préstito. Toda a gente veste roupa branca neste dia e usa braçadeiras verde e amarelas. Nas lapelas e nos obrigatórios chapéus de palha quebrados de lado usam-se folhas de cróton também verde -amarelas.

O  préstito faz o percurso histórico do Exército Libertador.  Lapinha, Soledade, São José, Perdões, Rua 15 Mistérios, Conceição do Boqueirão, Cruz do Pascoal, Rua do Carmo, Pelourinho, Portas do Carmo, Terreiro, chegando por fim ao Largo da Sé onde o Caboclo e a Cabocla demoram numa barraca onde o povo os admira. Cosme de Faria faz um discurso.

A tarde o cortejo ruma para o Campo Grande, onde no monumento ao Caboclo há uma cerimônia cívica. É um dia alegre, muito baiano na sua jovialidade e no seu culto à liberdade. Há um verso muito repetido sobre o Dois de Julho que diz que o sol de Dois de Julho  brilha mais que o de primeiro. A verdade, porém, é que quase sempre chove. ( In.Bahia de Todos os Santos.pg.156./14ed )

A festa de 2 de Julho já foi assim, como se diz hoje: "já era" muito pouco desta descrição festiva restou. Este ano o sol não brilhou nem no primeiro nem no segundo dia, e os politicos desfilavam sob a chuva terrível fazendo caras e muitas bocas para o povo nas ruas e para os repórteres que tentavam fazer a cobertura da festa. Confesso que vi tudo pela televisão confortavelmente instalada. elogiei a postura e a elegância dos oficiais e outras patentes  da marinha, aeronática e exército, belos e garbosos sob a chuva! Entendi que o militar é superior ao tempo!... Este ano teve um agravante, o Brasil perdeu o jogo e o Hexa também " já era" .Havia um certo temor nos organizadores das solenidades que o Brasil ganhasse O JOGO  e assim as manifestaçções "copistas" (de copo, não de copa) ofuscassem mais ainda o brilho do 2 de Julho. "Triste Bahia. Oh! quão desemelhante" já dizia o Boca do Inferno- Gregório de Mattos  Guerra e  a época era o  quinhentismo, viu!
Prometo voltar com o tema "Bahia de Todos os Santos".
Espero que comentem como sempre, sem moderação.