quinta-feira, 30 de setembro de 2010

A Polis nossa de cada dia !

Muitas vezes achamos que não cabe a nós a responsabilidade pelo que acontece no nosso bairro, na cidade, no país.Afinal,  o que podemos fazer?  Não somos políticos;  é a tais homens eleitos pelo povo, que compete resolver os problemas.. Em nenhum momento nos perguntamos: se nos tivesssemos reunido com outras pessoas para discutir os problemas que nos afetam, se nos tivesemos rebelado de alguma forma, esses fatos estariam acontecendo? Como interferir? Como atuar para mudar essa realidade tão dura?
Essas questões envolvem outra, mais ampla: o que  é Política?

Se a política faz parte de nossa vida, estando presente em todas as relações sociais, por que essa forma de vivência não é consciente em nosso cotidiano? Por que a participação politica do individuo  é tão limitada?
O resultado disso é um acostumar-se às situações agressivas, às condições subumanas de vida, à exploração do trabalho, que vai, pouco a pouco apagando a sensibilidade e  paralisando  as reações de inconformismo.Sobre essa naturalização das ações sociais, o dramaturgio e poeta alemão  Bertolt Brecht  nos dá uma lição;
                                "Nós vos pedimos com insistência;
                                 Não digam nunca: isso é natural!!
                                 Diante dos acontecimentos de cada dia,
                                 Numa época que reina a confusão,
                                 Em que corre sangue,
                                 Em que o arbitrário tem força de lei,
                                 Em que a humanidade se desumaniza,
                                 Não digam nunca: isso é natural!!
                                 Para que não passe a ser imutável! "
Sabemos que o voto é um instrumento importante, embora limitado, de participação política. Lamentamos que diante da apatia politica, pode tornar-se um simples ritual legitimador de uma "elite" de picaretas no poder. Existem, sim, outras maneiras de participar na vida cotidiana.

O aprendizado politico se faz nos pequenos espaços sociais, pelo relacionamento diário com os outros, onde se aprende a conviver e respeitar as diferenças.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

A tradição não pode morrer....

São Cosme mandou fazer
Uma camisinha azul
No dia da festa dele
São Cosme quer Carurú



É em homenagem a estes dois santos gêmeos que se come o melhor carurú da Bahia, durante o mês de Setembro. É o chamado carurú de Dois-Dois. Segundo a tradição, em toda casa onde há gêmeos, realizam-se grandes festanças, com caruarú muito e gostoso.Independente do poder aquisitivo, o dono da casa tem por obrigação fazer, sendo muitas vezes ajudados por seus vizinhos.
Já tive oportunidade de participar de muitos destes carurús onde comeram 50 até 100 convidados. Conforme reza a tradição, nestes dias de festas, o carurú é comido de duas maneiras. Com ritual para os meninos e à vontade para os grandes. A dona da casa, convida neste dia todos os garotos da redondeza para comerem o carurú em sua casa. No chão, sobre uma toalha brança e rendada,  é colocado um alguidar com o carurú. Todos os meninos, comem naquele mesmo  alguidar enquanto os assistentes, adultos, batem palmas e cantam compassadamente:São Cosme mandou fazer/ Uma camisinha azul/No dia da festa dele/ São Cosme quer Caruru.

Esta iniciado o grande carurú. Durante todo o almoço dos meninos, são cantados versos em  seu louvor: Depois de terminado o carurú da garotada, inicia-se então o dos convidados. Mas o carurú de São Cosme e São Damião, não se realiza somente na casa onde há gêmeos. No dia dos dois santos,  27 de setembro, come-se um bom carurú em qualquer casa de familia baiana. E para não morrer a tradição, toda vez que uma dona de casa prepara um carurú, deixa sempre sete quiabos inteiros, que são servidos assim. No prato do convidado que um daqueles quiabos cair, este será obrigado no ano seguinte a preparar um  carurú idêntico ao que está comendo. Assim, estes dois santos camaradas, são motivo para que toda dona de casa ou quituteira baiana se esmere no preparo do carurú. O verdadeiro caruru, o caruru fiel a tradição da cozinha baiana ,oferece aos convidados uma mesa grande na qual  pode-se escolher diversas iguarias para que cada um  faça  o seu prato. assim: : Carurú, Vatapá , Feijão Preto,  Feijão Fradinho, Milho branco, Arroz de Haussa,  Inhame, Pipoca, Coco seco cortado em tiras, Banana da Terra  cortada em tiras e frita, Xinxin de Galinha, Acarajé, Abará e Farrofa de Dendê. Para beber uma deliciosa infusão de abacaxi feita com a casca também que se chama Aluá. Esse Aluá  geladinho é dos deuses e ajuda, com certeza absoluta,  a digestão depois da comilança. Eu acredito de não esqueci nenhum detalhe.
Só resta agora esperar o próximo ano, o próximo setembro dia 27 para comer o caruru dos  santos meninos, Cosme e Damião.
"Ou Bahia ai, ai, Bahia que não me sai do pensamento, ai, ai! "
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domingo, 26 de setembro de 2010

Nossas escolhas.........

O Flavio Gikovate é  médico psiquiatra, psicoterapeuta e escritor, é também conferencista, atuando em eventos dirigidos ao público em geral, como também naqueles voltados a quadros gerenciais e profissionais de psicologia de diferentes especialidades médicas.  Ele é brilhante! recentemente eu o vi atuando na novela Passione que a Rede Globe exibe, diariamente, às 21.00hrs. Flávio não é, ali, um ator, é ele um psicológo mesmo, um terapeuta mesmo , que ouve as queixas do paciente- personagem que tem um problema gravissimo de compotamente social. A combinação de segredo da narrativa não nos permitiu ainda saber a " verdade verdadeira" que atormenta o belo Gerson.
O trabalho do Gikovate , sem sombra de dúvida , é excelente, os seus livros  prendem à  nossa atenção  pela sua  capacidade  de argumentar sobre temas complexo com palavras não  tão complexas. Eu escolhi  então um texto  dele,  muito interessante, para postar aqui. Vamos lá....
 O Grito de Edvard Munch


O medo da solidão e do desamparo sempre foi maior do que a vontade -  presente em todos nós - de viver de acordo com nossas convicções. Isso, na prática, significa uma enorme tendência para  a submissão  aos regulamentos próprios de uma dada sociedade, coisa que até há muito pouco tempo não era nem mesmo questionada e determinava uma brutal e ilógica  tendência homogeneizadora  dos modos de viver. Tendência  ilógica porque nós somos criaturas essencialmente  diferentes umas das outras, tanto  na forma  como pensamos sobre a vida, como também quanto aos nossos gostos e preferências de todo tipo.  Se somos todos diferentes ( e isso me parece uma verdade indiscutível, visível, mesmo a olho nu)
não há porque tenhamos de viver do mesmo modo. Não se justifica que tenhamos de nos casar, e numa determinada idade, nao é obrigatório querer ter filhos ( nem mesmo as mulheres , supostamente portadoras de um "instinto maternal"), nada nos impediria de não termos ambições materiais e não querermos " subir na vida", etc.
In. Novos tempos, novas regras.

Para mim o grande discurso aqui, posto em evidência, é  - o medo da solidão e do desamparo que muitos  vezes , nós  leva a fazer escolhas erradas, ou melhor inadequadas. Pois é! espero que vocês comentem, comentem sem moderação. Até breve minha gente!

sábado, 11 de setembro de 2010

Dias de dolce vita............

Ultimamente, eu tenho pensado muito, falado muito e escrito pouco! é que as vezes eu prefiro pensar, falar, ouvir.Será que dizendo isso justifico minha ausência daqui? Claro que não!. Todo mundo que me conhece sabe  o tanto quanto eu gosto de um belo discurso, de mesas redondas, quadradas, seja lá qual for. O Bom é conversar, trocar ideias. Construir  projetos, desconstruir projetos. É bom sair sem compromisso pela cidade, bisbilhotando aqui, ali e constatando o tanto quanto viver é belo apesar dos pesares.

No últimos dias que antecederam ao feriado de sete de setembro, sai com uns amigos queridissimos que vieram visitar a  velha e nova Salvador, fizemos uma devassa  na cidade. estavamos muito felizes, pois estavamos juntos festejando a alegria de ser feliz, celebrando a amizade.. É claro que a máquina digital ,que eu acho horrivel, passava de mão em mão, todo mundo querendo o seu melhor close sua  melhor foto, certamente, para mostrar no seu álbum de recordações.Durante o vai e vem de flashs, lembrei-me de um poema de Cecilia Meirelles que se chama :

Encomenda
"Desejo uma fotografia como esta/ o senhor vê?/ como esta/ em que para sempre me ria/ com um vestido de eterna festa./ Como tenho a testa sombria/derrame luz na minha testa/ Deixe esta ruga , que me empresta/ um certo ar de sabedoria./Não meta fundos de floresta/ nem de arbitraria fantasia.../ Não...Neste espaço que ainda resta/ ponha uma cadeira vazia"  Uaua! Cecilia...
Os dias de doce vida se foram, nos  restou, entre despedidas, saudades de um passado tão recente....e já tão distante...