sexta-feira, 15 de outubro de 2010

O Soneto de Gregório

A sátira aos mais variados aspectos do sistema e  do poder fez de Gregório de Matos um poeta maldito, dizem,  para mim ele é  um poeta bendito ou melhor bem dito. O apelido "Boca do Inferno" refere-se a sua capacidade de provocação, à ridicularização de politicos e de religiosos e à zombaria dos que viviam para bajular e louvar os poderosos.
O aspecto satirico do poema de Gregório de Matos é um dos traços que contribuiu para "abrasileirar" o Barroco importado da Europa. Aliás aqui  houve apenas "ecos do Barroco" No soneto abaixo, Gregório descreve o que era realmente naquele tempo a cidade da Bahia.

A cada canto um grande conselheiro,
Que nos quer governar cabana e vinha;
Não sabem governar sua cozinha,
E podem governar o mundo inteiro.
Em cada porta um bem frequente olheiro
Que a vida do vizinho e da vizinha
Pesquisa, escuta, espreita, e esquadrinha,
Para o levar à praça e ao terreiro.
Muitos mulatos desavergonhados,
Trazidos pelos pés aos homens nobres,
Posta nas palmas toda picardia.
Estupendas usuras nos mercados,
Todos os que não furtam, muito pobres;
E eis aqui a cidade da Bahia.


Já conhecido pela fama  da irreverência e pela boemia, Gregório foi apelidado de "Boca do Inferno" pelas sátiras que desenvolveu contra autoridades, ridicularizando-as. Caido no desagrado dos poderosos, Gregório de Matos  foi banido para Angola em 1694, permanecendo na Africa por um ano. Pobre Gregório! banido a bem da "moral"  disse: Adeus Bahia! digo: Canalha Infernal.!!



Pois é! para um bom entendendor um soneto de Gregório, basta?

domingo, 3 de outubro de 2010

Politica e Politicalha, aqui se confundem, sim!

Hoje, eu acordei bem cedo. Às 7.30 eu sai para votar em presidente da república, em governador, em senador,em deputado federal e em deputado estadual. Durante toda a campanha eleitoral eu fiquei perplexa com os discursos amorfos, com as placas fincadas nos canteiros, nos jardins, nas praças da cidade exibindo belas fotos dos candidatos com os  números e postos  políticos  a ocupar. Quanta gente  com dentes brancos lindos, todos riem! E eu penso, será que eles riem para nós ou riem de nós, hem?  Eu acho que eles riem de nós, do povo que nem sabe para que serve o voto! E vota..

Na cabine de votação eu presenciei , hoje uma cena triste! Uma mulher tinha em mãos  um folheto com o nome de apenas um candidato a deputado estadual. Sentou-se na cabine e  votou somente nele. Nos outros candidatos ela não sabia votar.! O pessoal da mesa,  tentou ajudá-la  deu-lhe  um caderno  no qual consta o número e o nome de todos os candidatos, mas mesmo assim ela não soube votar!  Seu voto foi anulado! Seu voto inconsiente foi anulado!
Voltei para casa pensativa e  pisando nas calçadas cheias de caras, cheias de números, cheias de partidos, cheias de dentes, e cheia de risos. Juro que não pisava firme, muito pelo contrário, eu ia na ponta dos pés, assim como fazem as bailarinas, era  medo, talvez , que aquelas caras se materializassem e descobrissem o que eu pensava de cada  uma. Deus me livre! não vou confessar, não devo!...Fiquei pensando ainda  na forma dos políticos  fazerem política, (desculpem a redundância ) pois os  seus interesses estão sempre acima dos interesses de cada cidadão votante. Isso é politica no sentido lato da palavra? Juro que não é preciso ler J.Jacques Rousseau, Platão e outros, para saber!

Certamente, mais tarde, a mídia televisiva vai entar no ar e fazer o seu espetáculo sobre o resultado das eleições no pais inteiro." Hoje tem espetáculo? Tem sim, senhor. Oito horas da noite? Tem sim, senhor."
Gente! por hoje, basta! Até breve.