sexta-feira, 12 de agosto de 2011

São Salvador! Bahia de São Salvador!

Ninguém cantou a Bahia como Jorge Amado! ninguém. Alguns literatos já disseram que  ele não é um grande escritor, é apenas um contador de historias cheias de dendê! Mas eu gosto, o mundo inteiro aplaudiu suas histórias. E Caymmi perguntou "- Você já foi à Bahia, nêga?"
"- Não!"
"-Então vá..."

Os filólogos e historiadores perdem tempo discutindo se esta cidade se chama cidade do Salvador ou  cidade de São Salvador. Cidade do Salvador da Bahia, dizem alguns. A verdade é que ninguém está ligando a mínima aos filológos. Os nomes das cidades não resultam da discussão acalorada dos graves senhores acadêmicos. Podem eles perderem o tempo que quiserem, podem encher colunas de jornais da terra com alarmantes artigos, escrever grossos volumes que ninguém lê, xingar e esbravejar, o povo continua chamando sua cidade pelo nome de Bahia. Esta é a cidade da Bahia. Assim a trata o povo de suas ruas desde a sua fundação a 1. de Novembro de 1549.

 In. Bahia de Todos os Santos. 14.edição.
Acredito que ler  Jorge Amado é uma oportunidade de conhecer o divino e o satânico dessa Bahia .

sexta-feira, 10 de junho de 2011

"E você era a princesa que eu fiz coroar. Era tão linda de se admirar..."(de Adriano para Marcela)

Sábado passado, dia 4 de Junho, estivemos na Capela Nossa Senhora das Vitórias - Pupileira, lá participamos da realização do sonho muito bem sonhado por Marcela e Adriano. A capela estava belíssima, principalmente pela presença dos amigos, muitos amigos íntimos, parentes e aderentes.

Padrinhos e Madrinhas, muito elegantes e felizes, acompanharam o noivo que adentrou a Capela visivelmente emocionado. Alguns instantes após a Marcha Nupcial de Félix Mendelssonhn, anunciou a entrada de Marcela, linda em seu vestido de noiva!  O véu  preso nas laterais da cabeça por prendedores de "strass" lembravam ramos de  delicados e minúsculos miosótis, sorria, feliz, feliz. Conduzida pelo braço do pai e depois do noivo subiu ao altar. Ai então, a cerimonia do casamento teve inicio ao som da Ave Maria de Gounod, emocionante! E o padre, solenemente,  os fez jurar amor, compreensão e respeito ao outro e acima de tudo fidelidade aos sentimentos, com as vozes embargadas pela emoção eles juraram.

"Les demoiselle d!honneur", em seus vestidos de organdi, guardando as devidas proporções, com seus laços, lacinhos e laçarotes lembravam "As meninas" de August Renoir e foram um detalhe à parte acompanhadas de seus  "garçons", lindos em suas inocências por terem que  cumprir um rito com graça e elegância. O menor deles, um ano de idade, mais ou menos, creio, só permaneceu no altar munido de sua chupeta, parecia não entender a razão pela qual teria que estar ali, longe de sua mamãe.

Depois da cerimonia religiosa, os noivos recepcionaram os convidados no Cerimonial Rainha Leonor, ali mesmo, bastava atravessar os jardins. A decoração com rosas brancas estava impecável, os candelabros com velas e flores, sobre as mesas, um toque de elegância e tradição. Ali, os convidados se reuniram e se confraternizaram, eram amigos da infância e familiares que fazem parte da história de vida dos noivos, ai então se reconheciam e se abraçavam. Parece que ninguém veio à festa por vir. Sim!! Vieram à festa para comemorar, para compartilhar da realização de um sonho.

O baile prosseguiu até às três horas da manhã! os noivos e convidados continuaram dançando contentes ao som de " Diga espelho meu , se há na avenida alguém mais feliz que eu... É hoje o dia da alegria....."
Saudades foi o que restou... uns foram para suas casas, outros para o aeroporto com a certeza absoluta do valor da amizade entre as pessoas.

Marcela e Adriano "meus queridos meninos" quero, hoje,  apenas lembrar-lhes que o significado da vida não está nas coisas ou nos outros, está em nós. E depende exclusivamente de nós sermos, sentirmos e termos tudo que desejamos. E eu sei que vocês sabem que somente o amor é capaz de nos fazer entender a razão de estarmos aqui e agora.

domingo, 1 de maio de 2011

Aquele gato é o cão!

Há uma passagem muito conhecida de Alice no Pais das Maravilhas, na qual a pequena heroína de Lewis Carroll  dialoga com um gato. Ela não quer mais continuar onde está e pergunta ao animal: "Como posso sair daqui? "O gato responde: "Depende de para onde você quer ir."
O diálogo continua. A menina diz que quer sair de onde está, mas não tem  nenhuma preferência quanto ao lugar para onde vai. Então o bicho lhe retruca: "Se você não sabe para onde quer ir, então é indiferente o caminho que venha a seguir."

Meu Deus! quantas vezes nos identificamos com Alice, quantas vezes !

A advertência do gato é assustadora,  pois ela vale para a experiência de cada um, pois cada um de nós fazemos nossas escolhas tentando decidir o nosso futuro.Entretanto, todas as nossas escolhas comportam riscos.
 É normal pois que fiquemos tensos, é compreensivel que  tenhamos momentos de hesitação e  angustia, insegurança e indefinição.
A sabedoria daquele gato consiste em saber que nós é que decidimos o nosso destino - sem garantia de sucesso!
Será que todos nós somos resultado de nossas opções, ao longo da vida?
Assim disse Chico Buarque, meu querido Trovador. "A gente quer ter voz ativa. No nosso destino mandar.Mas eis que chega a roda viva. E carrega o destino pra lá.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Boa Páscoa! Boa Páscoa!

Boa Páscoa para quem compreendeu que a presença do Mestre está em todos os lugares.
Boa Páscoa para quem acreditou que a  Via Crucis não foi em vão.
Boa Páscoa para quem entendeu que é possivel amar ao próximo como a  si mesmo.
Boa Páscoa para quem aprendeu que fora da caridade não existe salvação .

sexta-feira, 25 de março de 2011

São Salvador, Bahia de São Salvador...

Hoje é aniversário da Cidade! vamos comemorar?  O que temos para comemorar?

Eu continuo fiel ao queridissimo, conhecido  popularmente e pejorativamente por: Boca do Inferno que virou livro com o mesmo tema, escrito por Ana Miranda tratando exclusivamente de Gregório de Mattos e Pe. Antonio Vieira com suas complicações politicas.





"Triste Bahia! ó quão dessemelhante
Estás e estou no nosso antigo estado!
Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado,
Rica te vi eu, tu a mi abundante.

A ti trocou-te a máquina mercante.
Que em tua larga barra tem entrado,
A mim foi-me trocado, e tem trocado,
Tanto negócio e tanto negociante

Triste Bahia!"

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

O Cisne Negro - a arte como representação.

"Eu só queria ser perfeita" diz Nina a personagem de Cisne Negro.
Em boa companhia fui ao cinema. Chegamos com uma hora e trinta minutos de antecedência. Entramos na nossa livraria preferida. Naquele momento o nosso interesse, confesso, não eram os livros. Atualizamos  as conversas, degustamos algumas iguarias maravilhosas, no mezanino,  entre livros, gente que comia e gente que lia sentada nas mesas e gente que conversava baixinho.

Duas horas e trinta minutos depois,  suponho, saímos da sala de exibição com os ouvidos impregnados de música e os olhos embevecidos com as  peripécias de Darren Aronofsky, um dos cineastas mais elogiados da atualidade, capaz de trabalhar com vários registros, haja vista o filme  "A Vida não é um Sonho". Aronofsky agora invadiu o mundo do ballet e é nomeado pela primeira vez ao Oscar por Cisne Negro.

Estávamos ansiosos para ver de Tchaikovsky o Lago dos Cisnes, um marco na história da dança, um ballet dramático em quatro atos, agora com uma intrigante releitura de D.Aronofsky, o Cisne Negro!
O Lago dos Cisnes é uma história de amor e morte, de feitiço, de beleza, de magia e feitiçaria, paixão e abandono, vingança e perdão. Creio que esse drama envolvendo cisnes brancos que se transformam em donzelas, na calada da noite, fascinou o Aronofsky. Penso que  ele mergulhou no Lado dos Cisnes depois que bebeu na fonte de  Roman Polansky, no tratamento dado ao tema  da duplicidade presente em " O Inquilino" e " Repulsa do Sexo" e ainda de Ingmar Bergman  " Persona".

Penso que que ele, Darren não tenha o objetivo deliberado de assustar o telespectador com a trajetória sinuosa de Nina, que só queria  sair de dentro de si e  atingir a perfeição para dançar o Cisne Negro.
Simbolista e psicológico o Cisne Negro abordando o tema da fascinante e inesgotável da duplicidade tão do interesse da filosofia, das artes e da literatura.

O Cisne Negro permite muitas outras leituras, mas eu vou ficar por aqui.
Vejam o filme e comentem sem moderação!

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

"As pessoas não me consideram um escritor." ( Chico )

"As pessoas não me consideram um escritor. Elas me perguntam "ah, você escreveu um livro? ". E toda vez é a mesma coisa...", revelou Chico, vencedor da 8a. edição do Prêmio Portugal Telecom de Literatura, na capital paulista. (Revista.Caras n.71).

Sabemos que, cantor e compositor, Chico Buarque de Holanda é um dos principais representantes da MPB. Como compositor sua obra é notável principalmente pelo cuidado com a estrutura da linguagem, pelo engajamento evidente com as questões sociais nas peças Roda Viva, Calabar, Gota d'agua e Ópera do Malandro, e a novela Fazenda Modelo.

Acostumamos os nossos ouvidos ao Chico romântico, provocador, debochado compondo e cantando  nossas "Cantigas de Amigo" assim como os trovadores medievais, aliás melhor que os trovadores medievais na sua compreensão e capacidade de expressão da alma feminina. Chico diz, muito bem,  o que nós mulheres dizemos e sentimos. E o mecanismo de identificação com seu  eu lírico feminino é imenso e intenso.

"Quando você me quiser rever
Já vai me encontrar refeita, pode crer
olhos nos olhos, quero ver o que você faz
Ao sentir que sem você eu passo bem demais

E que venho até remoçando
Me pego cantando
Sem mais nem porquê
E tantas águas rolaram
Quantos  homens me amaram
Bem mais e melhor que você."

Olhos nos olhos Chico! você diz o que tantas mulheres  já disseram ou dirão quem sabe...

Ouvir Chico é uma coisa, ler Chico é outra coisa, dai  a perplexidade de alguns "ah, você escreveu um livro?"
Creio que ele é tão notável na poesia quanto na prosa, não poderia ser diferente! não poderia. Quem leu o seu primeiro romance o Estorvo percebeu que ele veio para ficar e ocupar lugar de destaque  com sua prosa no cenário da Literatura Brasileira..
O olho mágico, o olho aberto, a percepção é o postulado sobre o qual Chico baseia sua concepção de romance no Estorvo. É, pois, os aspectos das realidades externas que ele se detém.

Penso que a questão aqui é a  Poesia  e Prosa, e então me lembro de Caetano Veloso quando escreveu Língua.
"Gosto de sentir a minha língua roçar
A língua de Luís de Camões.
Gosto de ser e de estar
E quero me dedicar
A criar confusões de paródias
Que curtem dores
E furtem cores como camaleões.
Gosto do Pessoa na pessoa
Da rosa no Rosa,
e sei que a poesia está para a prosa
Assim como o amor está para a amizade.
E quem há de negar que esta lhe é superior?

Pois é! toda poesia pode ser prosaica e toda prosa pode ser poética não é? Sabemos.....

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Assim como a Fenix!

Ontem, eu estava em um dos Shoping da nossa cidade  e  lá encontrei uma colega dos tempos Universidade Federal da Bahia,  que alegria em revê-la. Abraços e abraços, sentamos-nos para um café. Conversamos sobre a vida e seus  caminhos.Sobre as nossas vaidades acadêmicas,sobre as especializações, os mestrados e doutorados! Lembramos-nos de 1977, dos nossos colegas e principalmente dos nossos professores! dos nossos sonhos e dos nossos ideais, das nossas frustrações,das nossas realizações,   trocamos endereços eletrônicos, telefones fixos e celulares, afinal os nossos caminhos agora se cruzavam de novo.

Deixei-a seguir, eu também segui. Ao longe, ouvi que alguém tocava ao piano "Luzes da Ribalta!! oh! Luzes da Ribalta! aproximei-me, está música faz parte da minha memória afetiva, quantas e quantas vezes eu ouvi papai cantá-la tocá-la ao violão, e eu ali sentada aos seus pés  apoiada sobre o seu joelho direito visto que o violão ocupava o outro. A letra de Luzes da Ribalta diz assim;

Vidas que se acabam a sorrir
Luzes que se apagam
e nada mais.
É sonhar em vão tentar aos outros iludir
O que se foi pra nós não voltará jamais.
Para que chorar o que passou
Lamentar perdidas ilusões
Se o ideal que sempre nos acalentou
Renascerá em outros corações


Segui meu caminho pensando em Luzes da Ribalta, em papai, em mim, em todos nós. Ninguém consegue ficar indiferente  às lembranças, todos nós temos tendência a chorar o que passou, entretanto a mensagem é que o ideal que nos acalentou  vai renascer sempre, assim como a Fénix. Lá longe, o homem ao piano começava  a tocar  de Betoween " Pour Elise"......

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Revendo A Ultima Tentação...

Eu adoro cinema!. Cinema no cinema, cinema em casa. Eu adoro ver filmes, muitos filmes,  bons filmes.
Ontem,  eu revi em  dvd  o filme  A Última Tentação de Cristo. Do livro de Nikos Kazantzahis, o filme tem música de Peter Gabriel e direção de Martin Scorsese. Ele, Scorsese não se baseou  apenas nos Evangelhos e sim nos conflitos inerentes aos humanos, não reproduziu o real - mas não degenerou, ele recriou, pois não se limitou a contar a história de Jesus segundo a Santa Madre Igreja. Produziu ideias, questionou a visão da própria igreja - a posição da mulher no contexto histórico - a sexualidade humana - o poder e suas relações. Ai, Jesus é personagem e narrador, Ele vê a história de dentro para fora, de fora para dentro.

 A retrospeção da vida no instante da morte, o "se eu tivesse sido" pondo em evidência as contradições e as  indagações do homem  comum, é um dos aspectos que mais detém nossa atenção. Mas era preciso morrer  como homem para fundir o humano e o divino. Na parte final o movimento das imagens em cena - movimento lento, quase ondulante, seduz nossa mente e me fez retroceder  à obra de  Bosch, um óleo sobre tela, Subida ao Calvário.

Bosch que preferiu longinquamente a pintura surrealista do século XX, em tese representou  personagens sagradas, mas inventou visões de pesadelos - criou um mundo alucinante e poético e sua expressão mais complexa está na obra a Tentação de Santo Antonio.

Acredito que A Ultima Tentação de Cristo não é um filme de massa, no entanto mexe com as diferenças religiosas, politicas, assim como de sexo, de ideologia, de ética e estética.

sábado, 15 de janeiro de 2011

....Abrindo 2011

Para abrir o ano vou usar as palavras  alheias!  Vou usar as palavras de Murilo Mendes em sua  Poesia Liberdade. Pois é!  O ano que passou foi um ano difícil do ponto de vista pessoal, aliás eu nunca acho que os anos são fáceis nem do ponto de vista pessoal nem do ponto de vista coletivo, sinceramente confesso.


OFICIO HUMANO
As harpas da manhã vibram suaves e róseas.
O poeta abre seu arquivo - o mundo -
E vai retirando dele alegrias e sofrimentos
Para que todas as coisas passando pelo seu coração
Sejam reajustadas na unidade.

É preciso reunir o dia e a noite,
Sentar-se à mesa da Terra com o homem divino e o criminoso,
É preciso desdobrar a poesia em planos múltiplos
E casar a branca flauta da ternura aos vermelhos clarins de sangue.

Esperamos na angústia e no tremor o fim dos tempos
Quando os homens se fundirem numa única família.
Quando ao se separar de novo a luz das trevas
O Cristo Jesus vier sobre a nuvem
Arrastando por um cordel a antiga Serpente Vencida.

Verdadeiramente,  eu espero que em  2011 possamos aprender o Oficio Humano,  e o que chamamos de utopia seja realizável, que os homens se fundam numa única família.!