quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Revendo A Ultima Tentação...

Eu adoro cinema!. Cinema no cinema, cinema em casa. Eu adoro ver filmes, muitos filmes,  bons filmes.
Ontem,  eu revi em  dvd  o filme  A Última Tentação de Cristo. Do livro de Nikos Kazantzahis, o filme tem música de Peter Gabriel e direção de Martin Scorsese. Ele, Scorsese não se baseou  apenas nos Evangelhos e sim nos conflitos inerentes aos humanos, não reproduziu o real - mas não degenerou, ele recriou, pois não se limitou a contar a história de Jesus segundo a Santa Madre Igreja. Produziu ideias, questionou a visão da própria igreja - a posição da mulher no contexto histórico - a sexualidade humana - o poder e suas relações. Ai, Jesus é personagem e narrador, Ele vê a história de dentro para fora, de fora para dentro.

 A retrospeção da vida no instante da morte, o "se eu tivesse sido" pondo em evidência as contradições e as  indagações do homem  comum, é um dos aspectos que mais detém nossa atenção. Mas era preciso morrer  como homem para fundir o humano e o divino. Na parte final o movimento das imagens em cena - movimento lento, quase ondulante, seduz nossa mente e me fez retroceder  à obra de  Bosch, um óleo sobre tela, Subida ao Calvário.

Bosch que preferiu longinquamente a pintura surrealista do século XX, em tese representou  personagens sagradas, mas inventou visões de pesadelos - criou um mundo alucinante e poético e sua expressão mais complexa está na obra a Tentação de Santo Antonio.

Acredito que A Ultima Tentação de Cristo não é um filme de massa, no entanto mexe com as diferenças religiosas, politicas, assim como de sexo, de ideologia, de ética e estética.

sábado, 15 de janeiro de 2011

....Abrindo 2011

Para abrir o ano vou usar as palavras  alheias!  Vou usar as palavras de Murilo Mendes em sua  Poesia Liberdade. Pois é!  O ano que passou foi um ano difícil do ponto de vista pessoal, aliás eu nunca acho que os anos são fáceis nem do ponto de vista pessoal nem do ponto de vista coletivo, sinceramente confesso.


OFICIO HUMANO
As harpas da manhã vibram suaves e róseas.
O poeta abre seu arquivo - o mundo -
E vai retirando dele alegrias e sofrimentos
Para que todas as coisas passando pelo seu coração
Sejam reajustadas na unidade.

É preciso reunir o dia e a noite,
Sentar-se à mesa da Terra com o homem divino e o criminoso,
É preciso desdobrar a poesia em planos múltiplos
E casar a branca flauta da ternura aos vermelhos clarins de sangue.

Esperamos na angústia e no tremor o fim dos tempos
Quando os homens se fundirem numa única família.
Quando ao se separar de novo a luz das trevas
O Cristo Jesus vier sobre a nuvem
Arrastando por um cordel a antiga Serpente Vencida.

Verdadeiramente,  eu espero que em  2011 possamos aprender o Oficio Humano,  e o que chamamos de utopia seja realizável, que os homens se fundam numa única família.!