O aspecto satirico do poema de Gregório de Matos é um dos traços que contribuiu para "abrasileirar" o Barroco importado da Europa. Aliás aqui houve apenas "ecos do Barroco" No soneto abaixo, Gregório descreve o que era realmente naquele tempo a cidade da Bahia.

A cada canto um grande conselheiro,
Que nos quer governar cabana e vinha;
Não sabem governar sua cozinha,
E podem governar o mundo inteiro.
Em cada porta um bem frequente olheiro
Que a vida do vizinho e da vizinha
Pesquisa, escuta, espreita, e esquadrinha,
Para o levar à praça e ao terreiro.
Muitos mulatos desavergonhados,
Trazidos pelos pés aos homens nobres,
Posta nas palmas toda picardia.
Estupendas usuras nos mercados,
Todos os que não furtam, muito pobres;
E eis aqui a cidade da Bahia.
Já conhecido pela fama da irreverência e pela boemia, Gregório foi apelidado de "Boca do Inferno" pelas sátiras que desenvolveu contra autoridades, ridicularizando-as. Caido no desagrado dos poderosos, Gregório de Matos foi banido para Angola em 1694, permanecendo na Africa por um ano. Pobre Gregório! banido a bem da "moral" disse: Adeus Bahia! digo: Canalha Infernal.!!
Pois é! para um bom entendendor um soneto de Gregório, basta?