"Eu só queria ser perfeita" diz Nina a personagem de Cisne Negro.
Em boa companhia fui ao cinema. Chegamos com uma hora e trinta minutos de antecedência. Entramos na nossa livraria preferida. Naquele momento o nosso interesse, confesso, não eram os livros. Atualizamos as conversas, degustamos algumas iguarias maravilhosas, no mezanino, entre livros, gente que comia e gente que lia sentada nas mesas e gente que conversava baixinho.
Duas horas e trinta minutos depois, suponho, saímos da sala de exibição com os ouvidos impregnados de música e os olhos embevecidos com as peripécias de Darren Aronofsky, um dos cineastas mais elogiados da atualidade, capaz de trabalhar com vários registros, haja vista o filme "A Vida não é um Sonho". Aronofsky agora invadiu o mundo do ballet e é nomeado pela primeira vez ao Oscar por Cisne Negro.
Estávamos ansiosos para ver de Tchaikovsky o Lago dos Cisnes, um marco na história da dança, um ballet dramático em quatro atos, agora com uma intrigante releitura de D.Aronofsky, o Cisne Negro!
O Lago dos Cisnes é uma história de amor e morte, de feitiço, de beleza, de magia e feitiçaria, paixão e abandono, vingança e perdão. Creio que esse drama envolvendo cisnes brancos que se transformam em donzelas, na calada da noite, fascinou o Aronofsky. Penso que ele mergulhou no Lado dos Cisnes depois que bebeu na fonte de Roman Polansky, no tratamento dado ao tema da duplicidade presente em " O Inquilino" e " Repulsa do Sexo" e ainda de Ingmar Bergman " Persona".
Penso que que ele, Darren não tenha o objetivo deliberado de assustar o telespectador com a trajetória sinuosa de Nina, que só queria sair de dentro de si e atingir a perfeição para dançar o Cisne Negro.
Simbolista e psicológico o Cisne Negro abordando o tema da fascinante e inesgotável da duplicidade tão do interesse da filosofia, das artes e da literatura.
O Cisne Negro permite muitas outras leituras, mas eu vou ficar por aqui.
Vejam o filme e comentem sem moderação!