A sátira aos mais variados aspectos do sistema e do poder fez de Gregório de Matos um poeta maldito, dizem, para mim ele é um poeta bendito ou melhor bem dito. O apelido "Boca do Inferno" refere-se a sua capacidade de provocação, à ridicularização de politicos e de religiosos e à zombaria dos que viviam para bajular e louvar os poderosos.
O aspecto satirico do poema de Gregório de Matos é um dos traços que contribuiu para "abrasileirar" o Barroco importado da Europa. Aliás aqui houve apenas "ecos do Barroco" No soneto abaixo, Gregório descreve o que era realmente naquele tempo a cidade da Bahia.
A cada canto um grande conselheiro,
Que nos quer governar cabana e vinha;
Não sabem governar sua cozinha,
E podem governar o mundo inteiro.
Em cada porta um bem frequente olheiro
Que a vida do vizinho e da vizinha
Pesquisa, escuta, espreita, e esquadrinha,
Para o levar à praça e ao terreiro.
Muitos mulatos desavergonhados,
Trazidos pelos pés aos homens nobres,
Posta nas palmas toda picardia.
Estupendas usuras nos mercados,
Todos os que não furtam, muito pobres;
E eis aqui a cidade da Bahia.
Já conhecido pela fama da irreverência e pela boemia, Gregório foi apelidado de "Boca do Inferno" pelas sátiras que desenvolveu contra autoridades, ridicularizando-as. Caido no desagrado dos poderosos, Gregório de Matos foi banido para Angola em 1694, permanecendo na Africa por um ano. Pobre Gregório! banido a bem da "moral" disse: Adeus Bahia! digo: Canalha Infernal.!!
Pois é! para um bom entendendor um soneto de Gregório, basta?
Olha eu aqui de novo!
ResponderExcluirMuito bom o jogo de palavras... Bendito e bem dito!
Quando lembrei de nossas aulas, ecos do Barroco!
A gente estudou isso tem pouco tempo...
Gosto do Gregório de Matos, pois ele é uma grande metralhadora, critica à todos.
Até o próximo texto!
Eu também adoro o Boca do Inferno! parece com alguém que você conhece de perto, bem perto, pertinho?
ResponderExcluirÉ verdade! Essa pessoa critica tudo com muita coerência! Tanto é que entramos em várias discussões...
ResponderExcluirGregório com sua linguagem crua criticou de maneira fantástica os governantes e a fina sociedade baiana da época. Muitos queriam falar o que ele falava, mas não tinham coragem. Gregório pelo fato de não poupar ninguém, "atirava" em todos; padres, freiras, políticos e mulatos atrevidos. O apelido de Boca do Inferno caiu muito bem!
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