segunda-feira, 5 de julho de 2010

Bahia de Todos os Santos e o 2 de Julho

Jorge Amado, nosso amado Jorge descreve assim , em  Bahia de Todos os Santos a festança do 2 de julho. 

"Foi um Dois de Julho", se diz na Bahia quando se faz referência a uma coisa notável ou grande ou barulhenta ou grandiosa .As festas do Dois de Julho tem um caráter civico e patriótico que não lhes tolda a graça popular. Comemora-se a data da entrada triunfante dos exércitos libertadores na  capital em 1823.

A Cabocla

Da Lapinha  parte o préstito conduzindo as carretas com o Caboclo e a Cabocla, puxados pelo povo. Bandos representando  os batalhões patrióticos que lutaram pela independência acompanham o  préstito. Toda a gente veste roupa branca neste dia e usa braçadeiras verde e amarelas. Nas lapelas e nos obrigatórios chapéus de palha quebrados de lado usam-se folhas de cróton também verde -amarelas.

O  préstito faz o percurso histórico do Exército Libertador.  Lapinha, Soledade, São José, Perdões, Rua 15 Mistérios, Conceição do Boqueirão, Cruz do Pascoal, Rua do Carmo, Pelourinho, Portas do Carmo, Terreiro, chegando por fim ao Largo da Sé onde o Caboclo e a Cabocla demoram numa barraca onde o povo os admira. Cosme de Faria faz um discurso.

A tarde o cortejo ruma para o Campo Grande, onde no monumento ao Caboclo há uma cerimônia cívica. É um dia alegre, muito baiano na sua jovialidade e no seu culto à liberdade. Há um verso muito repetido sobre o Dois de Julho que diz que o sol de Dois de Julho  brilha mais que o de primeiro. A verdade, porém, é que quase sempre chove. ( In.Bahia de Todos os Santos.pg.156./14ed )

A festa de 2 de Julho já foi assim, como se diz hoje: "já era" muito pouco desta descrição festiva restou. Este ano o sol não brilhou nem no primeiro nem no segundo dia, e os politicos desfilavam sob a chuva terrível fazendo caras e muitas bocas para o povo nas ruas e para os repórteres que tentavam fazer a cobertura da festa. Confesso que vi tudo pela televisão confortavelmente instalada. elogiei a postura e a elegância dos oficiais e outras patentes  da marinha, aeronática e exército, belos e garbosos sob a chuva! Entendi que o militar é superior ao tempo!... Este ano teve um agravante, o Brasil perdeu o jogo e o Hexa também " já era" .Havia um certo temor nos organizadores das solenidades que o Brasil ganhasse O JOGO  e assim as manifestaçções "copistas" (de copo, não de copa) ofuscassem mais ainda o brilho do 2 de Julho. "Triste Bahia. Oh! quão desemelhante" já dizia o Boca do Inferno- Gregório de Mattos  Guerra e  a época era o  quinhentismo, viu!
Prometo voltar com o tema "Bahia de Todos os Santos".
Espero que comentem como sempre, sem moderação.

2 comentários:

  1. Depois das férias olha eu de novo!!
    Eu, mesmo não tendo nascido na Bahia, me identifico bastante com essa terra...
    É triste ver a perda desse traço cultural que antigamente marcava o baiano e o dia de sua independência... Será que a globalização cultural
    irá acabar com as tradições?

    ResponderExcluir
  2. Voltou para ficar óoooh!Você sabia que ser baiano é um estado de espirito? Que ser baiano é ser barroco?é viver o conflito entre Deus e o Diabo? Caymmi já disse "São Salvador, Bahia de Sao Salvador, a terra do branco mulato e do preto doutor, Oh! Bahia, ai,ai.Cidade de São Salvador...O discurso sobre globalização cultural como possível exterminadora das tradições vai ficar para depois.....

    ResponderExcluir